O SINTESPB/UEPB vem manifestar indignação pelo assassinato brutal da vereadora pelo PSOL do município do Rio de Janeiro, Marielle Franco. Sua morte nos trouxe diversas reflexões que são importantes colocarmos para pensarmos sobre a vida em sociedade. A comoção nacional por essa morte advêm de um contexto em que estamos passando, contexto este que está embasado pelo ódio desacerbado entre diversos grupos. Basta darmos uma olhada em algumas postagens que logo identificamos pessoas falando “que Marielle achou o que procurava”, “que quem defende bandido tem que morrer também”, “que a morte de mais de 20 policiais no Rio de Janeiro nos primeiros 3 meses do ano não tiveram tanta repercussão como teve a morte da vereadora”.
São inúmeras postagens com caráter de ódio. Este tipo de comportamento não pode ser atribuído apenas a um grupo, mas está presente em quase toda sociedade. Vivemos em um período que a nossa verdade é a única possível e que as demais verdades são danosas para a sociedade e que, por isso, devem ser extintas. O extermínio das demais vozes devem ser caladas com violência, pois só assim que as demais vozes entenderão o recado.
A voz de Marielle foi calada por divergir de outras vozes que proclamam a verdade absoluta. Mas o que dizia a vereadora? O que ela falava para incomodar tanta gente? Por que ela teve que ser calada? São diversas formas de responder, mas a principal é que estamos em um momento histórico do nosso país em que é perigoso se posicionar diferente daquilo que é entendido como verdade para os grupos que detêm o privilégio de ditar tais verdades.
A morte de Marielle, como mulher, jovem e negra, tem uma simbologia forte, pois a cada momento pessoas estão sendo assassinadas: são dezenas de policiais que morrem no Rio; a morte de uma médica na Linha Vermelha. Mas a estatística nos mostra que as principais vítimas são jovens e negros provenientes dos lugares que tanto Marielle defendia. Ela era uma militante pelos direitos humanos. Não é porque defendia “os favelados” que ela defendia bandidos. Ela defendia que todas as pessoas, sobretudo as pessoas negras e faveladas, deviam ter acesso a um Estado de direito; um Estado que prime pelo respeito a sua própria constituição e seus instrumentos legais; um Estado menos seletista na aplicação de suas sanções e penas; um Estado protetor de todos, independente de sua crença, raça, idade, gênero e sexualidade; um Estado justo.
Por isso, o SINTESPB/UEPB vem conclamar todos para esta reflexão para que possamos sair deste estado de ódio que acaba gerando violência e morte. A morte de Marielle se tinha como objetivo amedrontar os que lutam por um mundo mais justo, teve o efeito de unificar todas as vozes por um mundo com mais amor, mais paz e uma maior capacidade de respeitar a diferença.
Mariella, presente!
SINTESPB/UEPB
Seja o primeiro a comentar